Rodrigo Martins
Após 26 anos do primeiro CD solo, Bom de tocar, o instrumentista Ricardo Silveira lança seu mais novo disco, Até amanhã, coletânea de suas músicas mais presentes em shows e mais conhecidas pelos amigos, colegas músicos e aqueles que prestigiam os discos e as apresentações deste ícone da música brasileira. Neste CD, Ricardo convidou Vittor Santos para fazer seis dos arranjos de sopros, Marcelo Martins, que fez um, e Jessé Sadoc. Ele mesmo assina o arranjo de Portal da Cor, divide o de Afoxé com Jessé e o de Rua 26 com Jessé e Marcelo. Os arranjos de sopros foram escritos para serem adicionados à gravação feita com o Rômulo Gomes (baixo) e André Tandeta (bateria), com quem vem tocando há um tempo, e gravados depois.
No trabalho há a intenção de uma sonoridade mais atemporal, com os instrumentos soando de maneira natural, sem muitos efeitos. No estúdio, o trio tentou chegar perto do espírito ao vivo dos shows que vinham fazendo. A experiência de participar do projeto Ouro Negro, Moacir Santos, em estúdio e ao vivo, contribuiu para a ideia dos arranjos de sopros, tendo a guitarra como solista da "orquestra". Em alguns casos foram adicionados detalhes de guitarra ou violão.
“Os arranjos foram feitos em função do que foi tocado pelo trio; eles trouxeram outro olhar para as músicas,
foi uma soma. Sou fã do Vittor Santos, ano passado passei um tempo estudando com ele. Os arranjos
dele são incríveis”, conta Silveira.
Depois de ouvir o disco, o músico Chico Pinheiro ressalta a generosidade
com a qual cada músico participante é colocado à vontade dentro de sua especialidade e relata o que sentiu.
“Após escutar Até amanhã, os primeiros sentimentos que me vieram foram os de surpresa e gratidão. Surpresa pela absoluta reinvenção de cada um dos temas já conhecidos. Seja pela concepção de base, toda gravada ao vivo, seja pelos arranjos de sopros sofisticados e inventivos de Vittor Santos, Marcelo Martins, Jessé Sadoc e dele mesmo. Gratidão, pois trata-se de um disco de celebrações – aos amigos, às parcerias, ao violão e à guitarra, à brasilidade, à própria música e à vida – e Ricardo gentilmente nos convida a participar como degustadores da música resultante desse encontro especial.”
Em Até amanhã, Ricardo Silveira foi produtor, compositor, instrumentista e arranjador. Em algumas músicas,
chega a tocar mais de um instrumento. No fim, um resultado excelente, um disco com a cara da música
brasileira e uma sonoridade belíssima. “Gosto do que faço e a dificuldade varia de acordo com prazos, orçamento etc. Compor é um prazer, mas é bem difícil às vezes, é trabalho. Produzir com pouca grana, também, mas a realização, ver o disco pronto, é um grande prazer”, diz.
Como saiu no Jornal do Commercio.
Edição de sexta-feira, fim de semana e segunda-feira, 24, 25, 26 e 27 de dezembro de 2010.
Caderno Artes, página 2.
Nenhum comentário:
Postar um comentário