Rodrigo Martins
A Série Dell’Arte Concertos Internacionais 2010 traz ao palco do Theatro Municipal a consagrada Musica Angelica Baroque Orchestra. Fundada em 1993, em Santa Mônica, Califórnia, é famosa por utilizar instrumentos de época e especializada na intrepretação da música do período que vai do barroco ao início do clássico. A orquestra prioriza a pesquisa de compositores menos conhecidos com grande valor musical. Nesta segunda-feira, às 20 horas, a quinta atração da 17ª edição da série apresentará ao público carioca peças de Telemann, Bach, Mozart, Vivaldi, Händel e terá como solistas Suzie LeBlanc (soprano), Ilia Korol (violino), Gonzalo Ruiz (oboé) e Stephen Schultz (flauta).
Os regentes convidados são estrelas da música clássica como Rinaldo Alessandrini, Giovanni Antonini, Harry Bicket, Paul Goodwin, Nicholas Kraemer, Rachel Podger e Martin Haselböck, que tornou-se diretor musical na temporada 2005/2006. Segundo Haselböck, "uma das músicas mais profundas e interessantes de todos os tempos foi escrita no período barroco, com Bach, Händel e outros. Eu busco qualidade, não só no barroco. Utilizamos instrumentos de época por que é mais fácil e natural para obter os sons e a articulação musical desejada pelo compositor”.
Na temporada 2006/2007, embarcaram em sua primeira turnê internacional, que ficou marcada por lotações e ampla aclamação da crítica. O giro proporcionou uma colaboração única entre duas orquestras de diferentes continentes: a Musica Angelica e a Orchester Wiener Akademie da Áustria, de Martin Haselböck. Juntas elas apresentaram 13 concertos da monumental Paixão segundo São Mateus de Bach. Passaram por Los Angeles, Cidade do México, Budapeste, Viena, Madri, Bressanone e Merano (Itália), Baden-Baden e Munique (Alemanha). "Sou fundador e diretor musical da Orchester Wiener Akademie. Viajamos o mundo há 20 anos e nosso primeiro tour pela América do Sul, no ano passado, foi uma experiência maravilhosa para todos", regozija-se Haselböck.
Em 2007, a Musica Angelica aumentou seu prestígio com um contrato para a gravação de quatro CDs para o selo alemão New Classical Adventure (NCA). O primeiro deles, lançado em 2007, foi a ópera Acis and Galatea de Händel; o segundo, em 2008, traz os principais músicos da orquestra como solistas de concertos de Telemann; e o terceiro, com três cantatas de Bach, foi lançado no ano passado. "O quarto CD acaba de ser lançado. São obras de música de câmara por Bach, Telemann e Härtel", completa Haselböck.
Além de apresentar suas próprias séries de música orquestral e de câmara, o conjunto colabora com instituições de artes importantes do sul da Califórnia como as Óperas de Los Angeles e Long Beach, Los Angeles Master Chorale, Pacific Chorale e os museus J. Paul Getty e Norton Simon.
Haselböck diz que "a Califórnia tem uma vida artística muito rica com expoentes que vão da indústria cinematográfica à dança. Eu tive a sorte de usar algumas dessas conexões. Estamos trabalhando com um grande ator americano, John Malkovich, e preparando um projeto com o grupo de dança Diavolo Dance Company”.
Para Haselböck, a contribuição do barroco para a cultura mundial advém do "pensamento que o artista não está criando de si mesmo, mas que existe um sistema complexo de natureza, de filosofia, de comportamentos humanos que são apenas refletidos na arte e música barrocas". Quanto à busca por compositores menos conhecidos, o diretor musical explica que "existem maravilhosos estilos regionais na música barroca: o austríaco, com compositores como Biber e Schmelzer ou o francês, com uma variedade de excelentes mestres. Todos estes, por sua vez, apresentam gosto e educação musical, além de fantasia e novos pensamentos musicais”.
Segundo Steffen Dauelsberg, diretor executivo da Dell’Arte, "a música barroca vem sofrendo uma constante reavaliação por parte de público e crítica desde meados dos anos 50. O prestígio do gênero só fez crescer nas últimas décadas, com o surgimento de conjuntos especializados na ‘música antiga’, quase sempre apresentada com instrumentos de época ou similares modernos.”
Como saiu na edição do Jornal do Commercio.
Sexta-feira e fim de semana, 24, 25 e 26 de setembro de 2010.
Caderno Artes, página 3.
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