sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Lonas de caminhão como tela e inspiração


Rodrigo Martins

Natural de Aracajú, Aecio Sarti é daqueles artistas que desde criança já sabiam o que iriam fazer quando crescessem. Há seis anos em Paraty, balneário do Rio considerado por ele recanto insubstituível, pinta à beira do cais com as portas de seu ateliê abertas ao público, o que o levou a conhecer Carolina Coutinho, grande admiradora, que trocou o mercado financeiro para ser marchand de Sarti. "Segui meu coração. Decidi apostar num amigo com um talento incrível. Desta forma posso ajudá-lo com a parte comercial e administrativa." Juntos inauguraram a Galeria Aecio Sarti, no último dia 19, em Madalena, São Paulo, com a exposição O muro da minha rua, que segue até início de novembro. Parte da renda será destinada para a fundação internacional Lama Gangchen, que tem como missão promover a paz mundial.

Sarti trabalha a partir da reutilização das lonas de caminhão, que, segundo ele, possuem uma grande bagagem de histórias em seu tecido, além de muita energia. "Eu recebo a lona em seu último estágio de aproveitamento. Aquela que passou do caminhoneiro rico para o caminhoneiro mais pobre e já chegou às oficinas de beira de estrada, que recebem esse material já sem a proteção de cera que a torna impermeável. A partir daí, dou um tratamento especial ao tecido para que consiga pintar e extrair o efeito desejado."

A mostra apresentará 15 trabalhos do artista inspirados na história, de sua autoria, sobre Fernando dos Santos. Um garoto simples que tinha o sonho de ser estilista, mas não podia realizá-lo, pois meninos só podiam jogar futebol. Começa então a pintar seus modelos no muro de sua rua para que as pessoas passassem a se vestir melhor. As telas de Sarti apresentam ao fundo imagens que remetem aos desenhos de Fernando e, em primeiro plano, as figuras alongadas características de sua obra.

A exposição homenageará duas grandes amigas do artista: Cesarina Riso, que abriu a Galeria Villa Riso, no Rio de Janeiro, para uma exposição, e Daisy Justus, psicanalista e escritora, autora do texto Aecio Sarti, as lonas e as diferentes faces do amor, sobre o trabalho do artista, e que, em breve, estará escrevendo a biografia de Sarti. Ambas são mencionadas no conto que inspira a mostra inaugural.

O muro da minha rua
Galeria Aecio Sarti
Rua Harmonia 293 – Vila Madalena
De 3ª a sexta das 10h às 20h
Sábados das 10h as 20h
Domingos das 13h às 17h
www.aeciosarti.com

Como saiu no Jornal do Commercio.
Edição de sexta-feira e fim de semana, 22, 23 e 24 de outubro de 2010
Caderno Artes, página 3





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