Rodrigo Martins
Considerado um dos maiores festivais de música percussiva do mundo, chega ao Rio o Perc Pan – Panorama Percussivo Mundial. Em sua 17ª edição, com organização de Beth Cayres, passará pelo Oi Casa Grande, na segunda e terça-feiras e pelo Canecão, na quarta. Na programação estarão incluídos artistas de todos os cantos do mundo. Músicos de Bénin (África), da Macedônia, de Portugal e das Américas agregarão o que sempre foi o norte intelectual do projeto: comoção e transformação. “A comoção ficará por conta do time que montamos para este festival, trabalhos novos, diferentes, super-interessantes. A transformação será promovida, como sempre, pela troca de informação musical qualificada”, explica Cayres.
Beth é socióloga e antropóloga. Seguindo seu instinto, durante o boom da música percussiva na Bahia – com Olodum e Carlinhos Brown –, resolveu se aprofundar e pesquisar a respeito. Após imersão em festivais de música da África, Europa e Ásia, em 1994, ela amadureceu a ideia do primeiro Panorama Percussivo Mundial. “O som da África está em tudo, em cada vertente você vê um pouco das batidas africanas. Isso é sensacional. A África liberou muita coisa em nível de ritmo. Neste festival, os encontros e intercâmbios são maravilhosos.” Desde então, a socióloga não parou mais, e todos os anos passa pelo mesmo processo. “Não é um trabalho fácil. São meses de pesquisa, estudo, captação de recursos, parceiros, incentivos e apoio. Só com uma organização excelente é que podemos garantir um festival de qualidade.”
A diversidade cultural este ano será enorme. Só no Rio, das nove atrações, sete serão estrangeiras. A novidade ficará por conta do som oriundo de Tijuana. O Nortec Collective mistura música nortenha (típica do norte do México) com techno e oferece o que há de melhor na cena eletrônica mexicana atual. Esta inusitada mistura de DJs e VJs (videoartistas) produz com sincronia e perfeição a combinação entre som e imagem.
De Bénin, na África, foi convidada a lendária orquestra Poly-Rythmo, da cidade de Cotonou, que quase não veio por que, devido a questões religiosas, não queria entrar no avião. A orquestra usa os ritmos vodu que viajaram do Golfo da Guiné para o Haiti. Seu primeiro trabalho em 20 anos virou uma das sensações da mídia musical europeia e fala do ‘segredo musical mais bem guardado da África’. Admirada por Franz Ferdinand, que participou do novo disco, seus ritmos representam a mistura do funk e do soul.
Da Macedônia, a Kocani Orkestar, de etnia cigana e reconhecimento internacional, apresenta o talento do seu novo vocal, o carismático jovem Ajnur Azizov. Tocam rock cigano como uma selvagem banda de funk mutante, misturando riffs de bronze, em estilo James Brown, com influências orientais e do Leste Europeu.
De Portugal, As Tucanas, um grupo formado por cinco mulheres, não podiam faltar ao Perc Pan 2010. Com músicas próprias, que elas interpretam desde 2001, seu som é construído com bidons (reservatórios) de plástico, cabaças de água, surdos, agogôs, djembés (um tipo de tambor originário de Guiné na África ocidental) e seus próprios corpos. Ana Cláudia, Catarina, Mónica, Sara e Marina fazem uma música alegre, divertida e orgânica.
Beth tem certeza que o objetivo será alcançado: o intercâmbio cultural. “Cada ano é um ano diferente, mas é sempre como começar o primeiro. Estamos o tempo todo em busca da melhoria e da valorização cultural. A preocupação com o conteúdo é enorme, então existe muita cautela na hora da escolha dos convidados. Analisamos qual será a contribuição para o intercâmbio e para o ritmo brasileiro. Toda a mistura, toda ‘pluralidade’ são os diferenciais do Perc Pan e esta edição será mais uma festa do ritmo.”
Além dos shows, haverá workshops com os próprios artistas, na próxima segunda-feira, no Instituto Oi Futuro. As inscrições terminam nesta sexta-feira. Quem quiser participar deverá se inscrever no site http://percpan.com/2010/rio-de-janeiro.
Perc Pan 2010
Teatro Oi Casa Grande
Segunda e terça-feiras
Às 20 horas
Canecão
Quarta-feira
Às 20h30
Como saiu no Jornal do Commercio
Edição de sexta-feira e fim de semana, 1º, 2 e 3 de outubro de 2010
Carderno Artes, página 6 (contracapa)
Bacana o evento e o empenho dessa socióloga em reuni-los , trazendo mais cultura para nós.
ResponderExcluirDemais, deveria ter ido a um dos espetáculos. O que eu fui foi sensacional. Bjão do seu filho.
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