John Ford |
Cena do filme "Rastros de ódio" |
Rodrigo Martins
No dia em que comemora 21 anos, o CCBB prestará homenagem a um dos maiores ícones do cinema mundial. De 12 de outubro a 7 de novembro, a mostra John Ford apresentará 37 filmes – 36 longas e um curta. A maioria leva a assinatura do diretor e será exibida em película (35mm ou 16mm), exceto Directed by John Ford, documentário dirigido por Peter Bogdanovich, que será exibido em DVD.
Um livro-catálogo com mais de 400 páginas, editado exclusivamente para a mostra, poderá ser adquirido gratuitamente pelo espectador que apresentar cinco ingressos. Para complementar, será oferecido um curso com críticos, pesquisadores e professores. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo e-mail: curso@johnford.com.br.
Segundo o curador Leonardo Levis, "John Ford foi um dos diretores mais influentes de todos os tempos, alguém que ajudou a amadurecer a linguagem clássico-narrativa e o gênero western, e talvez o nome mais importante da Era de Ouro do cinema hollywoodiano. Em um plano mais subjetivo, mas não menos verdadeiro, Ford foi um cineasta de estilo único, um poeta da imagem, dono de enorme apuro visual, que, nos seus filmes, narrou a história americana como nenhum outro."
Com mais de 140 filmes sob sua direção, quatro Oscars de Melhor Diretor e um de Melhor Filme (Como era verde meu vale), Ford consegue estar acima de qualquer rótulo. Orson Welles o definia como o "maior poeta que o cinema já nos deu." A crítica especializada o chama de Homero Americano. Para Levis, o diretor norte-americano detém esta alcunha "porque nenhum outro cineasta contou, com tantos filmes, tantos detalhes e tanto apuro visual a história dos Estados Unidos. Boa parte da obra de Ford é dedicada a esse tema, e, apesar de uma ênfase maior nas Guerras Indígenas, sua obra vai desde a Guerra da Secessão até a era da televisão, passando pela Grande Depressão, pelas duas Grandes Guerras, traçando um caminho único e insubstituível."
Como não há uma fundação Ford, que guarde ou tenha informações sobre seus filmes, os curadores Leonardo Levis e Raphael Mesquita tiveram que pesquisar em cinematecas e arquivos do mundo inteiro, em busca das melhores cópias possíveis. "Foram dezenas e dezenas de emails e ligações, em um trabalho longo e exaustivo, sempre no intuito de não deixar nada de qualidade de fora da mostra. Finalmente, chegamos à lista final, na qual trouxemos filmes de dez acervos diferentes, localizados em sete países", conta Levis.
A mostra será uma oportunidade rara e única de conferir cópias novas e restauradas de grandes clássicos do cinema americano. Será fruto de uma vontade pessoal: a possibilidade de acompanhar, em película e no cinema, a obra de um dos mais lendários e importantes diretores de todos os tempos, mas cujos filmes raramente passam no Brasil. Serão exibidos filmes de todos os períodos e gêneros de Ford, mostrando que sua obra multifacetada possui ainda hoje enorme vigor e beleza.
"Apesar de sua importância, não há disponível nenhuma cópia em película dos filmes de Ford em cinematecas e acervos brasileiros. Isso se torna ainda mais grave quando pensamos que os filmes de Ford ganham muito quando exibidos no cinema, em película, da forma como foram planejados. Fora isso, a mostra não é apenas uma oportunidade de exibir os filmes de Ford a antigos amantes de seu cinema, mas de apresentar a obra desse cineasta seminal a uma nova geração de espectadores", define Levis.
Além das sessões de cinema será oferecido o curso John Ford. Funcionará como um complemento à exibição dos filmes, no qual o estilo e os temas mais caros ao diretor, bem como sua relação com os gêneros e com o cinema de estúdio, serão estudados e relacionados. Dessa forma, o espectador que acompanhar os filmes terá, também, a chance de entender tudo que está contido nele e que define, de forma única, o cinema de Ford.
A ideia partiu dos curadores da mostra, a fim de, juntamente ao livro-catálogo, aprofundar a obra de John Ford para além da simples exibição de seus filmes. Juntamente a cada professor, e levando em conta seus interesses e conhecimentos específicos, foram pensados os temas necessários para que o curso pudesse abarcar todos os assuntos necessários à compreensão da obra de Ford.
Como saiu no Jornal do Commercio esta matéria e a de baixo.
Edição de sexta-feira e fim de semana, 8, 9 e 10 de outubro de 2010.
Caderno Artes, página 5.
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